A Caixa divulgou seu resultado nos nove primeiros meses de 2018 e, do ponto de vista da lucratividade, ele é excelente. O banco obteve um lucro líquido acumulado de R$ 11,5 bilhões, o que representa uma elevação de 83,7% em relação ao mesmo período de 2017. No entanto, há outras considerações importantes a se fazer sobre esse desempenho, e várias delas estão intrinsecamente relacionadas à redução do papel social da instituição.
Para chegar a esses resultados o banco deu continuidade à política já adotada no exercício anterior, em que figuram a redução no crédito, a elevação nas receitas de prestação de serviços (tarifas) e a queda nas despesas administrativas – o que pode ser traduzido também em menos funcionários e menos agências. Assim, a instituição cada vez mais se aproxima do modelo de bancos comerciais como Bradesco e Itaú, instituições que não têm compromisso algum com o desenvolvimento do Brasil. A Caixa conta hoje com 15 mil empregados a menos do que em 2014, e agências e áreas intermediárias vêm sendo fechadas.
“A instituição encolheu e seu papel de banco do desenvolvimento continua sendo desvalorizado”, avalia a representante dos empregados no Conselho de Administração do banco, Rita Serrano, com base nas análises realizadas pelo Dieese/subseção Fenae. Ela aponta que a política do atual governo de privatização, corte de programas/benefícios sociais e de não capitalização dos bancos públicos obrigou a Caixa a buscar alternativas internas para ampliar seu capital; aumentou juros e tarifas, diminuiu crédito e investimentos e mudou regras no plano de saúde dos empregados.
O problema, acrescenta a conselheira, é que tudo isso colaborou para que a crise econômica e o desemprego se mantivessem altos, “afinal quem investe de fato no país são as empresas públicas, os bancos públicos, sem isso não há desenvolvimento. Os bancos privados são verdadeiras sanguessugas, ganham com a especulação, e não existe retorno para a sociedade”. Para Rita, é assustador ainda o fato de que parte da população, manipulada pela grande imprensa, afirme que o modelo privado é o ideal. “Com certeza é ideal, mas para o dono do banco, e não para um país carente como o nosso”, compara.
Ela destaca que não há mais espaço nem motivação alguma para que a Caixa continue encolhendo. “A não ser que o objetivo seja mesmo deliberadamente enfraquecê-la perante a concorrência privada, e isso não podemos permitir. Vamos continuar defendendo a Caixa pública, sustentável e focada no desenvolvimento do País”, afirma.