A privatização é um tema de destaque nos debates que antecedem a eleição de outubro. E o motivo é simples: dependendo da posição de cada candidato, é possível antever qual será seu projeto de governo para o País e suas consequências no emprego, saúde, educação e demais setores onde o papel do Estado poderá ou não ser relevante, com acesso liberado ou restrições à iniciativa privada. O curioso é que, à medida em que o pleito se aproxima, alguns dos candidatos declaradamente favoráveis ao processo privatista tentam colocar panos quentes para ocultar seu posicionamento, embora ele já esteja expresso em reportagens amplamente veiculadas pela mídia tradicional e internet. E a razão é clara: pesquisas apontam que a maioria da sociedade é contra as privatizações, chegando a até 70% de rejeição.

Entre os candidatos que defendem a manutenção de empresas públicas e participaram da série de sabatinas do Congresso em Foco estão Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (Psol). Haddad disse que não privatizará empresas estratégicas ao desenvolvimento nacional, tais como Eletrobras, Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil. “Não vamos vender essas empresas que cumprem um papel importante para o desenvolvimento do Brasil. Pelo contrário, vamos fortalecê-las ainda mais”, disse. Haddad também aproveitou para criticar a política que vem sendo implementada pelo governo Temer na Petrobras, que classificou como uma privatização branca. “A Petrobras, empresa extremamente importante para o desenvolvimento nacional, está sendo vendida numa forma disfarçada de privatização. Muitos ativos da empresa já foram alienados”, apontou.

Para Boulos, o Brasil precisa de empresas públicas com capacidade de investimentos e não de privatização. “Uma empresa privada, preocupada com a sua lucratividade, vai investir para levar energia para um povoado de mil pessoas na Amazônia? Não vai, porque não é rentável fazer isso. Só vai fazer isso quem tem responsabilidade social”, comparou.

Já o senador Álvaro Dias, candidato do Podemos, foi incisivo ao defender a privatização em junho passado, e ainda criticou a criação de quase 40 estatais durante os governos do PT. “É inevitável um programa de privatização. Primeiramente, com um estágio de revalorização destas empresas, diante da corrupção e incompetência”, disse. No entanto, na série de sabatinas realizada pelo Congresso em Foco, há poucos dias, afirmou ser contra a privatização dos bancos públicos. Mas deu a entender que privatizaria algumas das estatais – questionado especificamente sobre a Eletrobras, porém, desconversou. “Em momento adequado se avalia a conveniência da privatização desta ou daquela empresa estatal, mas num primeiro momento a preocupação deve ser a recuperação do valor patrimonial de todas elas”, afirmou.

Outro candidato (que não participou da sabatina do Congresso em Foco), João Amoedo, do Partido Novo, disse em dezembro que em seu governo “privatizaria tudo. Banco do Brasil, Caixa Econômica, Petrobras. Ninguém é obrigado a ter participação na Petrobras, Correios ou Banco do Brasil, por exemplo”. Na mesma linha segue o candidato Henrique Meirelles (MDB). Há dois meses, seu coordenador de programa econômico, José Márcio Camargo, afirmou que “o País precisa privatizar suas mais importantes estatais, como a Petrobras, a Caixa e o Banco do Brasil, mas a venda deve ser feita em partes para permitir a compra por diferentes atores e impulsionar a competitividade”. Na sabatina ao Congresso em Foco Meirelles manteve o posicionamento favorável à privatização.

“Queremos buscar a liberação da nossa economia, buscar liberalismo. Mais do que privatizar, extinguir a maioria das estatais. A declaração é do candidato do PSL Jair Bolsonaro, que também não participou do programa de entrevistas e segue internado. Geraldo Alckmin (PSDB), por sua vez, disse que não vai privatizar Caixa, BB e Petrobras, mas é favorável que setores subsidiários dessas empresas passem ao setor privado; ou seja, uma privatização aos pedaços.

Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) não participaram das sabatinas, mas já declararam em entrevistas anteriores que defendem a preservação d em empresas como BB, Caixa e Petrobras –no caso de Marina, distribuidoras da Eletrobras poderiam passar para a iniciativa privada.

As entrevistas realizadas pelo Congresso em Foco tiveram a participação da Fenae e do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, cujos representantes foram convidados a fazer questionamentos sobre a questão da privatização. Todos os candidatos à presidência foram contatados, mas apenas quatro compareceram.

Propostas econômicas **– As principais propostas econômicas dos candidatos do PT, PFT, Rede, PSDB e PSL também são alvo de análise do professor da Unicamp Fernando Nogueira da Costa. Teto de gastos, privatizações, previdência, emprego e tributação são alguns dos temas avaliados pelo economista e que podem ser conferidos em seu blog, no link https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2018/09/12/breve-comentarios-as-propostas-dos-candidatos-presidenciais/

Coordenadora do comitê avalia declarações dos presidenciáveis

Privatizar onera sociedade e acaba com soberania, alerta Rita Serrano, destacando a importância da informação sobre o que pensam os candidatos à presidência

A coordenadora do Comitê nacional em Defesa das Empresas Públicas, Rita Serrano, participou da maioria das entrevistas feitas pelo Congresso em Foco e canal MyNews, assim como representantes de entidades e categorias de trabalhadores que integram o comitê. Para ela, que também representa os empregados na Caixa no Conselho de Administração, fica evidente que o tema privatização é decisivo para que se possa entender qual será o projeto de governo do presidente eleito.

“As empresas e instituições públicas são essenciais em diversos segmentos. Na geração de desenvolvimento, de energia, água, gás; na saúde, educação. Deixar esses serviços na mão do capital privado é onerar a sociedade, dilapidar o patrimônio e acabar com a soberania da Nação”, aponta. O Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas reúne centenas de entidades pelo País, representando milhões de trabalhadores, que lutam pela manutenção e valorização dessas empresas e os direitos de seus empregados.

“Todos nós, que integramos o comitê e defendemos as empresas públicas, temos que divulgar ao máximo essas informações, para que os eleitores saibam de fato em quem vão votar, e de que forma seus projetos de governo vão impactar no País”, orienta.

Veja, no link, a mensagem de Rita Serrano sobre as eleições que se aproximam e a importância do voto:

https://youtu.be/GgYMDGVesaY