Venda ainda pode elevar a conta, em média, em 25%. Valor da estatal está subavaliado em R$ 63 bilhões. Livro O Futuro é Público é ferramenta para combater a entrega do patrimônio público 

Artigoeletrobras1804“Yes, nós temos banana. Bananas pra dar e vender. Banana menina, tem vitamina. Banana engorda e faz crescer”. A marchinha de carnaval composta por Braguinha e Alberto Ribeiro em 1937, representa bem como e por quanto o governo Jair Bolsonaro quer vender a Eletrobras.

Pelas contas do Ministério de Minas e Energia, a maior empresa da América do Sul em termos de energia vale somente R$ 67 bilhões. Na avaliação do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, o valor correto seria de R$ 130 bilhões. A diferença é de R$ 63 bilhões. Ou seja: o governo aceita vender a companhia por quase a metade do preço.

“Chega a ser acintoso. Além de entregar o patrimônio público e enfraquecer a rede de proteção social do estado, o governo atual ainda quer vender a empresa pela metade do valor. A preço de banana. É revoltante”, afirma a coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e Conselheira Eleita da Caixa, Rita Serrano.

Atualmente, o processo de privatização está no TCU que, agora, vai analisar o modelo de venda. Antes, o tribunal liberou a venda por 6 votos a 1. O único a votar contra foi o ministro Vital do Rêgo. O TCU volta a deliberar para aprovar ou não o modelo de venda no dia 20 de abril.
 
Países com matrizes energéticas parecidas com a do Brasil, nem cogitam privatizar

Ao todo, a Eletrobras é composta por 233 usinas de geração de energia (incluindo Furnas - que opera 12 hidrelétricas e duas termelétricas e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco - Chesf). São outras seis distribuidoras, todas na região Norte e Nordeste. Mais de 61 mil quilômetros de linhas de transmissão, metade do total do país e o suficiente para dar uma volta e meia no planeta.

A Eletrobras controla um quarto da geração da energia elétrica do país e 50% da energia armazenada. Quem controla essa energia, controla o preço.

A entrega do setor a investidores privados, potencialmente estrangeiros, não faz parte atualmente das políticas dos maiores produtores de energia hidrelétrica do mundo. Juntos, China, Canadá, Brasil e Estados Unidos são responsáveis por 52,8% da energia hidrelétrica produzida no mundo, segundo dados da Agência Internacional de Energia.

Na China, o governo controla todo o sistema. Sistema esse que conta com as maiores usinas hidrelétricas do mundo. Muito maiores que Itaipu, por exemplo. No Canadá, onde 60% de toda energia produzida é hidrelétrica, o sistema é todo gerido pelos governos provinciais (equivalente aos estados brasileiros).

Já nos EUA, o maior operador de energia hidrelétrica é o Corpo de Engenheiros do Exército. Isso mesmo: quem controla o sistema é o Exército Americano.

Brasileiro não quer a venda

Em pesquisa divulgada pelo instituto PoderData em 1º de abril,  56% é contra privatizar a Eletrobrás,  ou seja: mais da metade da população brasileira.

Aumento da conta

Estudo do Coletivo Nacional dos Eletricitários revela que se a privatização da Eletrobras acontecer, como deseja o governo Jair Bolsonaro, a conta de luz pode aumentar, em um primeiro momento, até 16,7%.

O ex-presidente da Eletrobras Luiz Pinguelli Rosa, é ainda mais pessimista. Pelos cálculos dele, o aumento pode chegar, em média, a 25%.

No longo prazo, o aumento no custo da indústria, famílias e de toda a cadeia de produção da economia será de R$ 460 bilhões em 30 anos.

O Futuro é Público

A versão impressa do livro O Futuro é Público foi lançado por Rita Serrano durante a edição 2022 do Inspira Fenae, realizada em Salvador (BA). A obra possui 248 páginas e foi baseada na pesquisa do Transnational Institute (TNI), centro de estudos em democracia e sustentabilidade sediado na Holanda.

O estudo do TNI releva que mais de 1,4 mil serviços foram reestatizados no mundo todo entre 2000 e 2017. Na maioria dos casos, a decisão de retornar esses serviços se deu após a administração pela inciativa privada se mostrar problemática e ineficaz.

A versão em português conta com artigo de Rita Serrano, intitulado: Estado pós-pandemia e Empresas Públicas no Brasil

O livro é gratuito e a versão digital está disponível no endereço: undefined

Em breve, a obra será apresentada aos parlamentares em evento no Congresso Nacional.

“A defesa do Bem-estar Social e de uma sociedade mais justa perpassa, sobretudo, pelo fortalecimento e atuação das empresas públicas. São elas que, de fato, executam os programas que compõe a rede de proteção social do estado. A obra oferece informações e dados que contribuem nessa defesa. É uma leitura imperdível”, afirma Rita.

Participe do Ato contra a privatização da Eletrobras: 

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