Venda de Ativos e consequências para a sustentabilidade do Banco.
Hoje a Caixa anunciou o balanço de 2021. O que mais preocupa é que novamente, em consonância com os anos anteriores, boa parte do resultado do banco não é derivado de atividades financeiras inerentes a sua função, mas sim, da alienação de ativos.
Venho atuando como conselheira contra o cenário de privatização das operações, que aliado a outros fatores, como perda de participação de mercado, mudanças no FGTS, Loterias, quebra de monopólio do Penhor e, outros, poderá no médio prazo causar problemas para a sustentabilidade da Caixa e sua manutenção enquanto instituição pública.
Para registro, a exemplo do que ocorreu em 2019 e 2020, quando os eventos não recorrentes representaram 68% e 34%, respectivamente, do Lucro Líquido da CAIXA, os eventos não recorrentes acumulados em 2021, listados abaixo, somaram R$ 7,15 bilhões, o que representa mais de 40% do Lucro Líquido do mesmo período, que totalizou R$ 17,26 bilhões.
Eventos não recorrentes acumulados em 2021
- R$ 1,472 bilhões - acordos operacionais CAIXA Seguridade (TokioMarine, IcatuSeguros, CNP e TempoAssist)
- R$ 1,863 bilhões - Venda de ações Banco Pan
- R$ 3,270 bilhões - Venda de ações CAIXA Seguridade
- R$ 315 milhões – Acordo CAIXA Cartões
- R$ 136 milhões – Venda imóveis FII CAIXA Agências
- R$ 97 milhões – PDV
É uma repetição dos anos anteriores, como pode ser observado no quadro abaixo.
O destaque fica para os empregados, verdadeiro patrimônio humano do banco, que mesmo sob forte pressão por resultados, sob risco de contágio pela COVID-19, estiveram e continuam a frente, sem trégua, do atendimento a milhões de brasileiros desamparados pela crise social, sanitária e econômica.
Maria Rita Serrano
Conselheira de Administração da Caixa – representante dos empregados.