Eleições para os representantes dos empregados na Funcef começa dia 22/04. Participe.
Em 1989, com 21 anos de idade, ingressei na CAIXA. No curso de integração, foi apresentada a possibilidade de adesão ao plano de previdência da Funcef. Tratava-se de um excelente benefício de complementação de renda no momento da aposentadoria, bastante atrativo e que, com certeza, agregou um grande valor na minha decisão de seguir carreira nessa Instituição.
Lembro que um dos instrutores afirmou que a Funcef receberia contribuições dos empregados e da CAIXA e que os recursos seriam aplicados de forma eficiente para garantir a complementação de nossa renda no futuro.
Pois é, para mim, esse futuro está próximo. Em breve conseguirei atingir os requisitos para requerer minha aposentadoria, que espero ser bem longa...
A reserva de recursos, feita a partir das contribuições realizadas por mim e pela CAIXA, deve suportar essa minha renda “complementar”.
Em relação à aposentadoria, uma das minhas maiores preocupações é com a garantia de longevidade e sustentabilidade tanto da CAIXA quanto da Funcef. Explico: sem a CAIXA, patrocinadora da Fundação, não há a Funcef. Simples assim.
Portanto, os ataques que a CAIXA tem sofrido neste governo, que tenta de todas as formas realizar uma privatização na surdina, sem autorização do Congresso Nacional, a partir da segregação de negócios rentáveis da empresa e posterior venda/liquidação desses ativos no momento mais inoportuno da história, compromete a sustentabilidade e o futuro da CAIXA, cuja importância para a sociedade é inquestionável, bem como fragiliza o nosso fundo de pensão.
Some-se à essa agenda de privatizações a tentativa do governo de liquidar os fundos de pensão, transferindo sua gestão para o “mercado”, por meio de propostas de alteração das Leis Complementares 108 e 109, que regulam a previdência complementar fechada, e das regulamentações inferiores no âmbito da PREVIC, órgão regulador da previdência complementar fechada, e da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União – CGPAR.
O enfrentamento com sucesso das ameaças presentes passa, necessariamente, por escolhas acertadas que teremos que fazer. Escolhas mais próximas, como empregados e aposentados da CAIXA e pensionistas da FUNCEF farão na eleição de diretores e membros dos conselhos fiscal e deliberativo da Fundação, e ainda, como cidadãos e cidadãs, no pleito que virá em outubro.
Para a eleição da FUNCEF, temos que cobrar dos candidatos compromissos com vários temas. Destaco a seguir os que entendo serem os mais importantes.
A Funcef é considerada “madura” do ponto de vista atuarial, pois uma boa parte de seus participantes já se encontra em gozo de benefício. Essa seria uma fase na qual a Fundação estaria desembolsando recursos acumulados.
No entanto, em função dos equacionamentos que estão sendo pagos pelos participantes, assistidos, e pela CAIXA, o fluxo líquido da Fundação ainda é positivo. Sendo assim, sua política de Investimentos tem que ser compatível com este momento.
Além disso, os novos dirigentes da Funcef terão diante de si um grande desafio: promover um reposicionamento da carteira de investimentos maximizando os resultados e considerando algo além da rentabilidade, segurança e liquidez adequadas ao momento da Fundação. A Política de Investimentos deve assegurar a alocação de recursos em um mix de investimentos que suporte rentabilidade mínima requerida e que, adicionalmente, crie superávits suficientes para acelerar a extinção dos equacionamentos.
Outro ponto relevante é a implementação de medidas administrativas, com melhoria de processos, transformação digital e rearranjo organizacional que permitam ganhos de eficiência e controle à Fundação.
Também é importante que haja transparência no processo de comunicação da Funcef com seus participantes e assistidos.
Tomo como exemplo, matéria publicada em 31/03/2022, intitulada “FUNCEF alcança rentabilidade de 9,28% em 2021”, que apresenta os resultados da Fundação de uma maneira enganosa, tentando encobrir ineficiências na gestão de recursos. Esse tipo de atitude tem que mudar. Os novos dirigentes devem atuar nesse sentido.
Finalmente, cabe destacar que os dirigentes da Funcef devem estar atentos às ameaças do governo de acabar com os fundos de pensão. É preciso que, além de assegurar bons resultados da Fundação, mobilizem esforços no sentido de enfrentar essa agenda perversa.
As candidaturas estão colocadas. Nossa função é conhecer o histórico dos postulantes aos cargos e seu compromisso com empregados e entidades. Somente Juntos conseguiremos garantir a Caixa Pública e o Fundo de pensão sustentável para todos.
Maria Rita Serrano
Conselheira representante dos empregados no CA